Fecundou-te de seiva e de calor.
Alargou-te o corpo como os areais
onde o mar se espraia sem contorno e cor.
Pôs-te sonho onde havia apenas
silêncio de rosas por abrir,
e um jeito nas mãos morenas
de quem sabe que o fruto há-de surgir.
Brotou água onde tudo era secura.
Paz onde morava a solidão.
E a certeza de que a sepultura
é uma cova onde não cabe o coração.
Quando se descobre o momento sagrado, a vida ganha outra luz: o pão deixa de ser um pão, o moinho não é só um moinho e um moleiro passa a ser outra pessoa. É quando o coração deixa de ter dois aurículos e dois ventrículos.
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