(...) Muito cedo na minha vida foi tarde demais.
Aos dezoito anos era já tarde demais. Entre os dezoito e os vinte e cinco anos
o meu rosto partiu numa direcção imprevista. Aos dezoito anos envelheci. Não
sei se é assim com toda a gente, nunca perguntei. Parece-me ter ouvido falar
dessa aceleração do tempo que nos fere por vezes quando atravessamos as idades
mais jovens, mais celebradas da vida. Este envelhecimento foi brutal. (...)
Marguerite Duras
O Amante é o resumo das experiências de uma vida intensa, um livro (e
filme) extremamente denso e, sobretudo, estranho. Trata-se do livro que deu a
Marguerite Duras o Prémio Goncourt, na França, em 1984. Para
narrar a sua vida, a autora parte da observação sobre o seu
rosto, actualmente: "Tenho um rosto dilacerado por rugas secas e
profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com
pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi
destruída."
No momento do
filme, a menina branca de quinze anos destapa um pouco da sua intimidade
que levaria à sua iniciação sexual, aos quinze anos e meio, com um chinês rico
de Saigão, doze anos mais velho que ela. É o carro que faz a sedução e a janela de vidro fechada simboliza os 'quases' mas 'nada' que a vida de cada um tem.
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