Ao encontro do pão maduro.



Guarda a beleza,
Dela nunca te percas.
Crê no Amor como nas estações.
Se a aflição te visitar,
Atira pedras ao rio,
Segura peixes, chora a tua humanidade.
Segue os pastores pelos montes,
Planta árvores, isso é muito importante.
Escreve uma história
Que nunca foi tua.
Não ignores quem te estende a mão na rua,
Dedica-lhe o teu tempo e atenção.
Tens saudades do mundo?
Vai à janela e grita, faz isso hoje.
Começa pelos pássaros, sempre pelos pássaros.

Guarda a beleza,

Ergue-a bem alto, de pulsos abertos
Contra a morte.

in, Poesia é fome com outro nome

      O detalhe da pintura é de Francesco del Cossa. Nele, dois olhos estão em vez de flores e significam as palavras do poema-menu de conselhos, para quem está a organizar um sentido de vida. O texto é de uma escritora que se identifica, apenas, como Manuela. Obrigado, Manuela.

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