Tomaz Ribeiro

       
Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.

Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!
      "Se no fim da vida ainda mantiveres um amigo, dá-te por feliz." Este soneto, escrito por Camilo Castelo Branco acerca da sua amizade com o poeta e politico natural de Tondela, Tomás Ribeiro, prova o que Shakespeare dizia em Ricardo II. Depois, para o mais prolifero escritor da língua portuguesa, vieram a sífilis, a cegueira e o tiro de revólver.

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