vejo as estrelas mas não as observo, de facto,
e ouço os comboios embora os não escute claramente;
Dentro de mim cirando de forma a que me possa
manter acordada, mas não estou de todo ali.
Uma parte de mim está com o escuro da paisagem.
Quanto há de mim naquilo que penso ou sinto?
Que parte do olhar se mantém pelas estrelas?
Será que controlo aquilo que contemplo
e será o meu olhar responsável por isso?
Afasto a ideia do meu espírito, que é um quarto
interior cuja parede vejo, mas de forma incompleta.
Tudo aquilo que eu amo é como a noite, lá fora,
tão bom de ver que me parece possível
com um simples gesto trazê-lo até mim
para dentro da cabeça ou coração, apesar do pensar
me separar, a mim, do objecto. E agora na cama, quando
me viro, o mundo parece virar-se para o outro lado.
A incompletude deve servir o mistério, enquanto uma certa espiritualidade inteligente descobre ou renova os pequenos milagres do quotidiano.
Sem comentários:
Enviar um comentário