em tempo de chuva,
em tempo de flores,
nas Galerias Lafayette ou Galerias
Barbès:
"Mamã, compra-me, por favor, um poema."
"Mamã, compra-me, por favor, um poema."
Ela era doce, ela era demasiado
prática
e comprava-me romances,
os Jules Verne,
os Maupassant e os Dickens.
Quando era criança, dizia à minha
mãe,
em tempo de amor,
em tempo de medo,
no Monoprix ou na Félix Potin:
"Mamã, compra-me, por favor, o
invisível."
Ela era boa, ela era previdente
Ela era boa, ela era previdente
e comprava-me coisas:
camisolas, trotinetes,
kodaks, bicicletas.
Acabei por me calar e por escrever
poemas.
Há muito tempo que a minha mãe
morreu,
Jules Verne envelheceu
e as minhas bicicletas já não têm
rodas.
Em tempo de cansaço,
em tempo de raiva,
vou ao Supermercado,
beber um conhaque sem gosto.
Quando, mais tarde, for uma criança
num mundo melhor,
direi à minha mãe:
"Mamã, compra-me, por favor, o
silêncio."
Depois de tanto, o silêncio exigido.
Depois de tanto, o silêncio exigido.
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