Despedir-se
Retirei os tapetes e as cortinas,
todas as mesas em que há muito
não me alimento nem escrevo.
Tirei os quadros e pintei os muros
para apagar os sinais do tempo.
Guardo uns quantos livros. Sei precisamente quais.
Destruí
cartas de amor que já não me amavam.
Silenciosos, agora, os amores
são icebergues errando no pensamento.
A casa, sem recantos para o medo,
deixa-me a vista mais despida.
Nada, nem a esperança,
poderá perturbar a última morte.
Não há outra casa para aqueles que amo.
in, Misteriosamente feliz
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