Vicente Huidobro

Éramos os eleitos do sol

Éramos os eleitos do sol
E nem demos conta
Fomos eleitos da mais alta estrela
E não soubemos corresponder ao seu presente
Angústia de impotência.
A água nos amava
A terra nos amava
As selvas eram nossas
O êxtase era o nosso espaço próprio.
O teu olhar o universo frente a frente
A tua beleza o som do amanhecer
A Primavera amada pelas árvores
Agora somos tristeza contagiosa.

Uma morte antes de tempo.

A alma que não sabe em que lugar se encontra
O Inverno nos ossos sem um relâmpago
E tudo isto, porque tu não soubeste o que é a eternidade
Nem compreendeste a alma da minha alma no seu barco de névoa
No seu trono de águia ferida de infinito.


Poeta chileno. 1893—1948

Nota: É preciso evitar ser assim tão claro. Onde está a  antiga capacidade de fingir, talvez não seja assim: talvez a água ainda nos ame.

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