O Extremo Poder dos Símbolos


O extremo poder dos símbolos reside em que eles, além de concentrarem maior energia que o espectáculo difuso do acontecimento real, possuem a força expansiva suficiente para captar tão vasto espaço da realidade que a significação a extrair deles ganha a riqueza múltipla e multiplicadora da ambiguidade. Mover-se nos terrenos dos símbolos, com a devida atenção à subtileza e a certo rigor que pertence à imaginação de qualidade alta, é o que distingue o grande intérprete do pequeno movimentador de correntes de ar. 


Herberto Helder, in 'Photomaton & Vox'

2 comentários:

David disse...

«Mover-se nos terrenos dos símbolos, com a devida atenção à subtileza e a certo rigor que pertence à imaginação de qualidade alta, é o que distingue o grande intérprete do pequeno movimentador de correntes de ar.»
A dificuldade está toda neste equilíbrio: há quem veja em tudo símbolos e viva subjugado a eles. Daí que por vezes é muito salutar permanecer na superfície ou na espuma da vida e das coisas...

António disse...

Não sei. Fugir ou permanecer na superfície são atitudes opostas mas necessárias. Quando fujo sobrevivo com mais facilidade. Conforto-me, já que 'permanecer' não me conforta. Uma coisa é a realidade, outra é a perceção dela. É nesta segunda que tenho escolhido um caminho.

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