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O feudalismo económico não só está de boa saúde como se propagou à escala global. E é curioso assistir, ao longo dos últimos cem anos, a todo um processo de instauração hegemónica de esquemas políticos cada vez mais liberais, servindo apenas de maquilhagem a super-esquemas económicos cada vez mais opressivos e tirânicos. Note-se a ironia perversa: somos cada vez mais livres politicamente, ao mesmo tempo que a política é cada vez menos autónoma e determinante - é cada vez mais títere, serviçal e escrava. Para que serve então a democracia, para que serve então o voto? Se a escolha é sempre uma escolha em segunda mão e o resultado da escolha, no essencial, é indiferente. Para que serve então a democracia se o demo que serve não é o povo mas o outro, o da alta finança? Que deliberação genuína possui um povo credito-dependente em elevado grau? A mesma liberdade que um junkie tem em relação ao seu abastecedor.
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In, Dragoscópio
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