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Alguém que Deus já lá tem
Pintor consagrado,
Que foi bem grande
E nos doi já ser do passado,
Pintou numa tela
Com arte e com vida
A trova mais bela
Da terra mais querida.
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Subiu a um quarto que viu
À luz do petróleo
E fez o mais português
Dos quadros a óleo:
Um Zé de samarra
Com a amante a seu lado
Com os dedos agarra
Percorre a guitarra
E ali vê-se o fado.
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Faz rir a ideia de ouvir
com os olhos, senhores.
Fará, mas não para quem já
ouviu, mas em cores.
Há vozes de Alfama
naquela pintura
e a banza derrama
canções de amargura.
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Dali vos digo que ouvi
A voz que se esmera:
Boçal, um faia banal
Cantando à Severa
Aquilo é bairrista;
Aquilo é Lisboa,
Boémia e fadista
Aquilo é de artista
E aquilo é Malhoa.
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Nota: José Malhoa nasceu nas Caldas da Rainha em 28 de Abril de 1855. Com apenas 12 anos entrou para a escola de Belas Artes. Em todos os anos ganhou o primeiro prémio, devido às suas enormes faculdades e qualidade artísticas. Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em Madrid, Paris e Rio de Janeiro. Foi pioneiro do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão. Destacou-se também por ser um dos pintores portugueses que mais se aproximou da corrente artística Impressionista. Foi o primeiro presidente daSociedade Nacional de Belas Artes e foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago. Em 1933, ano da sua morte, foi criado o Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha.
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in, Wiki
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