Era
no espelho alto do toucador.
Minha
mãe, muito jovem, quase adolescente,
os
ombros despidos,
retoca
o penteado
e
pelo vidro olha para mim e sorri-me.
Pelo
postigo aberto da janela azul,
borboleta
amarela,
entra
um raio de sol que lhe pousa no pescoço,
estremece
um pouco e vai-se,
deixando
queimaduras imperceptíveis.
Depois
veio o incêndio dos anos.
O poema reflete sobre a passagem temporal como força
inevitável que molda e desgasta a existência. O poema articula memória e perda,
revelando como o tempo tanto constrói quanto dissolve o vivido. Há uma tensão
entre o desejo de permanência e a consciência da finitude, expressa em imagens
simples e emotivas.

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