Que
não saiba a rosa que a contemplas
nem
saiba a água da tua sede.
Que
as nuvens
não
se sintam boiar
no
azul profundo dos teus sonhos.
Que
não saiba jamais o mar
que o
teu ser palpita ao ritmo das ondas.
A
montanha,
que
não te ouça suspirar em seu peito.
O
bosque,
que
ignore que podia extraviar-te.
Que
não saiba a terra como olhar
os seus
frutos mais saborosos
e
festejem os teus olhos a sua beleza
sem que ela saiba.
O poema constrói uma cena de observação íntima e distanciada,
onde a janela funciona como fronteira simbólica entre o eu e o mundo. A
silhueta sugere ausência, anonimato e desejo contido, reforçando a fragilidade
da identidade. Há uma dimensão de espera e clausura, próxima da solidão urbana.

Sem comentários:
Enviar um comentário