De Moda em Moda - Mágoas do Xarrama (o Recado)



As minhas mágoas que eu contei ao rio

Nos dias de frio quando ia lavar

Sempre na esp’rança que o rio as levasse

E ao mundo contasse que eu estava a chorar.


Pedi-te um dia, não tinha jantar

P’ra contares ao mar que eu estava aflita

Voltei p’ra casa confiando em ti

E adormeci com fome acredita.


  Quantos recados te dei p’ra levares

  Às águas dos mares que correm o mundo

  Mas tu teimoso chegavas ao Sado

  Ficavas parado, silêncio profundo.


Hoje coitado já estás como eu

A esp’rança morreu, já te vejo o fundo

Mas acredita que não estou zangada

Sou a tua amada, deixa lá o mundo.


Rio Xarrama amigo conta-me os segredos

Que as lavadeiras te iam contar

Passavas com força lavando os penedos

Mas era mentira não ias p’ró mar.


      Uma das antigas lavadeiras no rio confessou: "Fiquei emocionada por ver a paisagem tão conhecida e também a representação da lavagem da roupa no rio. Contudo, é pena esta representação não ser fiel pois a posição em que se lavava era de joelhos e, à frente,  havia sempre una pedra em cima da qual a roupa era ensaboada, e que servia de apoio para esfregar e torcer. Costumava acompanhar e ajudar a minha mãe nesse trabalho. E era duro de verdade. E depois havia ainda o caminho, a pé, para a vila! Era a vida com as  suas exigências."

 

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