Amigos
cento e dez e talvez mais
Eu
já contei! Vaidades que eu sentia.
Pensei
que sobre a terra não havia
Mais
ditoso mortal entre os mortais.
Amigos
cento e dez, tão serviçais,
Tão
zelosos das leis da cortesia,
Que
eu, já farto de os ver, me escapulia,
Às
suas curvaturas vertebrais.
Um
dia adoeci profundamente,
Ceguei.
Dos cento e dez, houve um somente
Que
não desfez os laços quase rotos.
Que
vamos nós (diziam) lá fazer?
Se
ele está cego, não nos pode ver...
Que
cento e nove impávidos marotos!
Acima, podemos ver o rosto de Camilo nas antigas notas portuguesas de Cem Escudos, que circularam até à chegada do Euro comunitário. Quanto ao conteúdo do soneto, sim, Camilo cegou e apenas Tomaz Ribeiro o ajudou.
Sem comentários:
Enviar um comentário