Como
falar de mim mesmo, como mostrar
a
verdade sem algo me atraiçoar?
Como
atender a voz que me fala cá dentro
quando
a vida fora me ensurdece os ouvidos?
Como
fugir das grandes palavras
sem
que me fuja o que de grande há nelas?
Como
renunciar ao que brilha na beleza,
querendo
eu escrever com os sentidos,
se o
mimo do verbo não é diferente do do corpo?
Como
buscar em mim o que permanece,
sendo
o olvido a chave do meu jardim perdido?
Como
evitar que o verso ceda ao assombro
sem
desfalecer a sua chama misteriosa?
Como
lograr que tudo o que em mim treme agora
trema
em ti que me lês, nascendo enfim o poema?
A expressão latina "ars poetica", traduzida como "a arte da poesia", refere-se às obras que descrevem os princípios e técnicas da criação poética. O termo é amplamente associado ao poeta romano Horácio, que, por volta de 19 a.C., escreveu uma epístola destinada aos membros da família Piso. Nessa obra, Horácio discute a arte de compor poesia e drama, abordando aspetos como unidade, simplicidade e adequação do estilo ao conteúdo. A sua abordagem prática e conselhos influenciaram profundamente a crítica literária ocidental.
No caso do poema do Sr. Abelardo Linares, os versos falam por si. Muito belo.
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