Senhor:
é tempo. Foi muito grande o verão.
Nos
relógios de sol estiram as tuas sombras,
deixa
que pelo prado os ventos vão.
Ordena aos últimos frutos que amadureçam,
dá-lhes
do sul ainda mais dois dias,
apressa-os para a plenitude, vê se envias
ao
vinho forte a última doçura.
Quem
não tem casa agora, já não constrói nenhuma,
quem
agora está só, vai ficar só, sombrio,
perder
o sono, ler, escrever cartas a fio,
e a
um ir e vir inquieto nas áleas se acostuma,
vagueando enquanto as folhas lá vão num rodopio.
Tradução
de Vasco Graça Moura
Herbsttag
Herr: es ist Zeit. Der Sommer war
sehr gross.
Leg deinen Schatten auf die
Sonnenuhren,
und auf den Fluren lass die Winde
los.
Befiehl den letzten Früchten voll zu
sein;
gib ihnen noch zwei südlichere Tage,
dränge sie zur Vollendung hin und
jage
die letzte Süsse in den schweren
Wein.
Wer jetzt kein Haus hat, baut sich
keines mehr.
Wer jetzt allein ist, wird es lange
bleiben,
wird wachen, lesen, lange Briefe
schreiben
und wird in den Alleen hin und her
unruhig wandern, wenn die Blätter treiben.
Dizia-se em Coimbra, que o germanista Paulo Quintela se emocionava quando recitava e explicava este poema aos alunos. Já no ano seguinte, alguns voltavam ao Anfiteatro V, para o ouvir de novo recitar. Hoje, que tenho 67 anos, percebo perfeitamente a razão.
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