Primeiro
sabem-se as respostas.
As
perguntas chegam depois,
como
aves voltando a casa ao fim da tarde
e
pousando, uma a uma, no coração
quando
o coração já se recolheu
de
perguntas e de respostas.
Que
coração, no entanto, pode repousar
com
o restolhar de asas no telhado?
A
dúvida agita
os
cortinados
e
nos sítios mais íntimos da vida
acorda
o passado.
Porquê,
tão tardo, o passado?
Se
ficou por saldar algo
com
Deus ou com o Diabo
e se
é o coração o saldo
porquê
agora, Cobrança,
quando
medo e esperança
se
recolheram também sob
lembranças
extenuadas?
Enche-se
de novo o silêncio de vozes despertas,
e de
poços, e de portas entreabertas,
e
sonham no escuro
as coisas acabadas.
O poema surgiu no livro, Nenhuma palavra e nenhuma lembrança. São versos de fim de vida, onde o reajustar moral de tudo o que não está ainda resolvido, é imposição do caráter. Uma saudade, o Sr. Pina.
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