Já sei que não há saída,
mas deixai-me ir por aqui,
não me peçais para voltar.
Cravaram-se-me os olhos
e a carne,
e não posso voltar,
e não quero voltar.
Não me griteis que não há
saída,
julgando que eu não oiço,
que não entendo.
Vossas vozes tropeçam-me na crosta
e caem como cascas,
que eu piso ao andar.
Avanço sozinha e alegre
na exacta manhã
pelo meu próprio caminho
que encontrei
embora não haja saída.
É assim que pensa um ateu. Há uma fase, ou várias fases da vida, em que a razão nos mata Deus, mas a emoção continua-nos a pedir o mapa do poço da mulher samaritana. E no meio do deserto, lá está ele para bebermos.
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