Quem
me quiser há-de saber as conchas
a
cantigas dos búzios e do mar.
Quem
me quiser há-de saber as ondas
e a
verde tentação de naufragar.
Quem
me quiser há-de saber as fontes,
a
laranjeira em flor, a cor do feno,
à
saudade lilás que há nos poentes,
o
cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem
me quiser há-de saber a chuva
que
põe colares de pérolas nos ombros
há-de
saber os beijos e as uvas
há-de
saber as asas e os pombos.
Quem
me quiser há-de saber os medos
que
passam nos abismos infinitos
a
nudez clamorosa dos meus dedos
o
salmo penitente dos meus gritos.
Quem
me quiser há-de saber a espuma
em
que sou turbilhão, subitamente
- Ou
então não saber a coisa nenhuma
e
embalar-me ao peito, simplesmente.
in, A noite inteira já não chega
Mulher inteira, onde o detalhe está em quem ela quer. O eu
quero querer e escolher no feminino. Admiro
a interpretação bem pontuada, pausada nos momentos corretos. Obrigado por este momento
tão bonito.
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