António Ramos Rosa

 

Onde a poesia se exibe como um espetáculo espetacular

não é poesia

onde a audácia do poema não é única

não é poesia

onde a poesia não é inocência de natureza fluvial

não é poesia

onde a poesia não é escandalosamente pura

não é poesia

onde a poesia não é filha do deserto nem da sede

não é poesia

onde a poesia não é presença viva que nasce da solidão e da ausência

não é poesia

onde a poesia não se oferece no seu abandono

não é poesia

onde a poesia não é poesia

não é poesia


      in, O sol é todo o espaço, 2002

      Senhor Rosa, tantos livros de poesia à venda e tão pouca beleza nas páginas. Seria bom regressarmos aos mestres.

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