Fernando Luis Chivite - Esboço de uma mulher só

 

Ela sabe que há algo, intui

que há algo mais lá onde os outros

há já tempo que deixaram

de buscar.


De modo que espera que se afastem,

e não diz nada

quando ao entardecer lhe mostram

os seus achados no bar contentes

com a sua sorte.


Ela sabe que a melhor peça

continua ainda enterrada,

e quando todos se vão, mesmo o último,

ela volta atrás, subreptícia.


À luz da lua,

com os seus olhos de louca,

ajoelha-se e escava com as mãos.


Sem comentários:

Arquivo do blogue