Daniel Faria

 


Há uma mulher a morrer sentada

Uma planta depois de muito tempo

Dorme sossegadamente

Como cisne que se prepara

Para cantar


Ela está sentada à janela. Sei que nunca

Mais se levantará para abri-la

Porque está sentada do lado de fora

E nenhum de nós pode trazê-la para dentro


Ela é tão bonita ao relento

Inesgotável


É tão leve como um cisne em pensamento

E está sobre as águas

É um nenúfar, é um fluir já anterior

Ao tempo


Sei que não posso chamá-la das margens.


      E logo tu, Daniel, que não tiveste tempo para ser velho.


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