Ana Merino

 


Com o consentimento da neve

caminharei devagar.


Alguém haverá à espera junto do fogo

e eu, que estarei cega pelo frio,

farei paragens breves

sacudirei o guarda-chuva e começarei de novo.


O único segredo é não sentir-se

imensamente cheio de verdades.

Não aceitar nunca os convites

que o nevoeiro

sugere ao fazer ninho com os seus disfarces

de paisagem feliz, de grandes sonhos.


Alguém haverá que diga, perdeu-se,

alguém sairá a procurar-me,

e levará o calor de uma garrafa

onde poderei mandar-te esta mensagem.


      Joaquim Manuel Magalhães traduziu estes versos, que pertencem à poesia espanhola dos anos 90.


Sem comentários:

Arquivo do blogue