Não tenhas pressa,
disse no fim do verão,
porque setembro, com o seu delicado ouro,
converte os dias,
e junto à sebe de descuidados arbustos
encontrarás o meu cão
e num vaso de estranho anil as dolorosas
plantas queimadas.
Deixa que os cachos amadureçam,
emoldurados pelas suas esferas rubras.
Na euforia dos lagares,
dança com os teus pés de sangue escuro.
Vislumbra,
na estação do mosto, o primeiro enigma das
mãos desoladas.
O poema é, provavelmente, a recordação de uma conversa com um amigo. O símbolo cristão do vinho não é por acaso. Um bago de pouco vale, mas um lagar de cachos maduros que sofrem na balsa relaciona-se com o "enigma das mãos desoladas". Todo o sofrimento é um caminho sacro.
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