A ironia ensina a sabotar uma frase
como se faz a um motor de automóvel:
Se retirares uma peça a máquina não anda, se mexeres
no verbo ou numa letra do substantivo
a frase trágica torna-se divertida,
e a divertida, trágica.
Este quase instinto de rasteirar as frases protegeu-me,
desde novo, daquilo que ainda hoje receio: transformar
a linguagem num Deus que salve, e cada frase num anjo
portador da verdade. Tirar seriedade ao acto da escrita
aprendi-o na infância, tirar seriedade aos actos da vida
comecei a aprender apenas depois de sair dela, e espero
e
As palavras, que organizam ideias, balançam entre a razão e a emoção, dependendo da sua utilidade. Texto muito bem escrito.
"Tirar seriedade ao ato da escrita aprendi-o na infância, tirar seriedade aos atos da vida comecei a aprender apenas depois de sair dela."
ResponderEliminarSair dela? De onde? Da vida? Da seriedade? Da infância?
Se se tira seriedade à escrita, o que é que fica? Diversão?
Não concordo que seja um texto bem escrito. Confuso e com ideias contraditórias.
Reparo, meu caro senhor, que é avesso a comentários.
ResponderEliminarE faz muito bem.
De comentários, opiniões, palavras, mesmo que poéticas, está este mundo cheio.
Diria mesmo a transbordar de tanto lixo vocabular.
Feliz o tempo em que havia dois ou três livros, que nem eram lidos mas transmitidos oralmente, ao lume das lareiras.
Agora asfixiamos com tanta literatura ou literatice.
Meu caro senhor, elimine o espaço para comentários e não nos peça interpretações.
Não, não sou avesso a comentários, eu simplesmente não estou habituado a eles. E por não estar habituado, não reparei neles. Sabe que este blogue tem por natureza uma caminhada solitária. Como não gosto do "entertainment" moderno, tipo Vasco Palmeirim, Teresa Guilherme ou Fernando Mendes... entretenho-me à minha maneira. Meia-hora por dia é para aqui.
ResponderEliminar"De comentários, opiniões, palavras, mesmo que poéticas, está este mundo cheio." Não, uma palavra bela é sempre uma palavra bela. Como se ouvia num certo filme "Tu podes mudar o mundo com um verso" Apesar da fúria do relativismo, ainda acredito nisto.
"Agora asfixiamos com tanta literatura ou literatice." Como diz um amigo meu, que cita outro amigo, "Muitos são os chamados, poucos os escolhidos". Eu seguro o funil.
Quanto ao resto sinto que faz muitas perguntas. Não é mau. "Não concordo que seja um texto bem escrito. Confuso e com ideias contraditórias." É apenas um poema diferente. Tente ler de novo, olhe que o livro onde o poema vem inserido ganhou um prémio literário.