António Barahona

 

Ainda não havia televisão a côres.

Todas as noites, víamos a série d'O Fugitivo.

Às vezes, bebíamos café e passávamos o resto

da noite a fumar e a conversar.

Não tínhamos pressa.

A paixão defendia-nos do tempo.

 

Saíamos, eternos, ao clarear do dia,

para comprar peixe na lota do Cais-do-Sodré

e tomar o pequeno almoço na cantina.

 

Não tínhamos nenhuma pressa.

A paixão defendia-nos do tempo.

Voltávamos, eternos, para casa.

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