Maria do Rosário Pedreira

 

Sete anos me aguardam de incertezas, O gato gordo,

sobre o muro, é apenas uma figura transitória. Tu vais

ficando, um livro abandonado no melhor

do enredo, aberto para sempre sobre a cama. Eu

 

sento-me à janela onde houve uma vez uma figueira.

E fico. Aguardo provavelmente a tua voz no silêncio

demorado dos quartos ao entardecer. E também adormeço,

se não for a memória do ruído ensurdecedor dos

espelhos, rebentando pela casa em mil pequenos cacos

incertos. Sete anos

 

para reler uma história demasiado conhecida ou

folhear um livro branco até ao fim. O gato já

desapareceu. Digo que escolhe, como tu, outra

cama para desafiar a lua. Eu não, eu eu fico.

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