Quanta felicidade dá a
grata suavidade das coisas! Como a vida é cintilante e de bela aparência! São
as grandes falsificações, as grandes interpretações que sempre nos têm elevado
acima da satisfação animal, até chegarmos ao humano. Inversamente: que nos trouxe
a chiadeira do mecanismo lógico, a ruminação do espírito que se contempla ao
espelho, a dissecação dos instintos?
Suponde vós que tudo era
reduzido a fórmulas e que a vossa crença era confinada à apreciação de graus de
verosimilhança, e que vos era insuportável viver com tais premissas... que
fazíeis vós? Ser-vos-ia possível viver com tão má consciência?
No dia em que o homem
sentir como falsidade revoltante a crença na bondade, na justiça e na verdade
escondida das coisas, como se ajuizará ele a si mesmo, sendo como é parte
fragmentária deste mundo? Como um ser revoltante e falso?
in, 'A Vontade de Poder'
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