Abrir



A primeira flor a desabrochar
fá-lo com dor
Deixa de ser apenas uma flor
Mil e uma flores se hão-de seguir
sem que nada as impeça
mas nenhuma flor será como essa.

Resultado de imagem para O Nome Daquele que Não Tem Nome

O Nome Daquele que Não Tem Nome é uma antologia de poemas do poeta místico da época medieval Kabir, selecionados e traduzidos por Jorge Sousa Braga. Kabir foi traduzido pela primeira vez para uma língua ocidental só em 1914, por Rabindranath Tagore, e muitas das traduções destes poemas surgem precisamente dessas versões. Como diz Sousa Braga na introdução: «Essa tradução encontrou eco de imediato em Yeats e em muitos outros poetas. Não será alheio ao sucesso que esses poemas encontraram no ocidente, o facto de terem sido traduzidos por um poeta com a qualidade de Tagore. Também Ezra Pound sucumbiu ao encanto de Kabir.»

Essa palavra secreta
alguma vez poderei pronunciá-la?
Se digo que está em mim
é o escândalo
Minto
se digo que está fora de mim
Ele não se revela nem deixa de se revelar
Não há palavras para o definir.

Pouco se sabe sobre a vida de Kabir, para além do que deixam adivinhar os seus poemas, as hagiografias e as lendas. Terá vivido em Varanasi (Benares), o mais sagrado dos lugares sagrados hindus e simultaneamente um centro de comércio e peregrinação, na primeira metade do século XV. Nascido de uma viúva brâmane e adoptado por uma família da casta dos tecelões, convertida à fé islâmica, Kabir revela nos seus poemas um profundo conhecimento quer do hinduísmo quer do islamismo (e dentro deste do sufismo).

Como poderia quebrar-se o nosso amor?
Como a folha de lótus na água
assim és tu
e eu o teu escravo
Como a ave que contempla a lua
assim és tu
Como o rio que desagua no oceano
assim o meu coração desagua em ti.

Sem comentários:

Arquivo do blogue