dissolver o cansaço na aspirina o açucar e a
angústia
a lembrança no sono o tropeço os falhanços, ligar
com cimento, construir
chorar de vez em quando às escuras para a febre
descer
polir palavras com escova colocá-las com pinça
no interior, derramá-las num jarro sem vinho sobre
o papel,
deixar secar, recortar, recompor, calar gritos,
escrever
sonhar os poemas que não se escreve, escrever os
poemas
[que não.
podar as plantas nos filhos, mostrar os frutos, o
caroço,
o saco de luxo, a hora de ponta, suor, depois
lavar, levar
o peito à rua, receber os outros, perdê-los,
trocá-los,
devolver este par de mãos àquele mar, afogar em
esforço
a carótida torcida do tempo, parar sempre noutra
esquina,
fugir à vertigem com o prazer das alturas, perder,
permanecer sentado até à dor nos ossos,
cronometrar paciências,
aprender na lentidão a única saída,
rápida
e envelhecer.
acreditar?
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