A perda, uma década depois



No meu peito ainda balbucia um
não te vás ainda
que não chega a ser verbalizado.
a perda não é perca, é transformação
recordo, silenciosamente.

      Os últimos anos têm sido vividos como a rosa de Jericó. Esta flor, como diz o seu nome, pode ser encontrada na região de Jericó, na Palestina. A planta, de origem desértica, pode parecer como todas as outras, mas diferencia-se por uma intrigante habilidade a qual lhe rendeu lendas e histórias.
      A rosa de Jericó possui a impressionante habilidade de entrar num estado de dormência e parecer praticamente morta quando o ambiente se torna inóspito, perdendo grande parte da folhagem e apresentando galhos secos e retraídos. Logo em seguida, as suas raízes também se soltam, dando à planta um formato esférico. Ela pode permanecer nesse estado por muito tempo até que encontre novamente um ambiente propício para a sua sobrevivência. É só então que, muito rapidamente, ela volta a criar raízes, a desabrochar e a ganhar novamente um ar verdejante no solo.
      A última fase da rosa de Jericó não chegou. A perda foi mesmo perca, não transformação.

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