Instalo o computador e a webcâmara na cozinha
para pedir ajuda à minha mãe e à minha tia
enquanto faço sopa sozinho pela primeira vez.
A minha mãe está no Utah. A minha tia na Hungria.
Com a câmara mostro as cebolas à minha mãe.
"Corta-as em pedaços mais pequenos",
aconselha-me ela.
"Só precisas de dar um bocadinho de
gosto."
Corto as batatas enquanto as cebolas ficam a
refogar na panela.
Quando menciono que não tenho paprika para juntar
ao caldo,
elas argumentam que assim é duvidoso que lhe
possamos chamar sopa de batata.
A minha mãe diz que será uma sopa branca de
batata,
a minha tia diz que a sopa de batata tem de ser
vermelha.
Ao acrescentar os pimentos em fatias
pergunto várias vezes se devo juntar água,
mas dizem-me ambas que espere até juntar as
batatas.
Adiciono salsichas polacas porque não arranjei
húngaras,
e cozo-as durante tanto tempo que as batatas se
desfazem.
"Fizeste um guisado", diz a minha mãe
quando mostro o conteúdo da panela através da
câmara.
Elas riem-se e dizem que tenho de casar
rapidamente.
Eu desligo o computador e como sozinho.
Desde que o homem descobriu o fogo tentou desenvolver a arte de cozinhar. Ao padronizar menus, essa ambição tornou-se mais em artesanato do que em arte e o processo continua. Este poeta do Utah americano tenta demonstrar que alguns homens ainda não se habituaram a certas mudanças.
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