Tenho um pássaro empoleirado no ombro,
um pássaro-gémeo, um pássaro que nasceu comigo.
Cresceu tanto, ficou tão pesado,
cada passo que dou é uma tortura.
Um peso morto, um peso morto, um peso morto sobre
mim.
Devia deitá-lo ao chão - é tenaz,
as suas garras cravam-se no meu ombro
como as raízes de um carvalho.
A um palmo do meu ouvido: o som
do seu horrível coração de pássaro a palpitar.
Se um dia levantar voo
cairei logo por terra.
Ágnes nasceu em Budapeste 1922-1991 e é considerada a maior poetisa húngara do século XX. Poemas como este revelam a dificuldade de viver em liberdade no seu tempo. Proibida de editar, proibida de escrever, dedicou-se à tradução de clássicos.
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