Júlio Pomar


                     Todo o canteiro conta
que ouve a pedra. Eu ouço
a palavra, tiro-lhe o vulto, tomo o seu peso
lembrado do que nela entronca ou do que dela se desprende.
Ao descascar a polpa túrgida
de mil sentidos, provado ou não ainda o fruto apetecido, nascem
memórias, ecoam madrugadas, sucedem-se
lembranças cuja carga declarada
não corresponde ou só em parte ao que vinha
à vista.

      Sr.Júlio, também o poeta crê nas coisas visíveis e invisíveis.

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