A vida tem destes acasos literários:
um comboio, dois livros e a pior
das razões para nos apaixonarmos.
Tenho vinte e dois anos e o equivalente
em retratos teus -periféricos ou não-
catalogados de acordo com as horas
psicologicamente
intermináveis do teu sorriso.
O nosso amor é como o lado vazio de uma ampulheta,
ou seja , inverso ao próprio tempo que não marca
o surgir inesperado daquelas noites em que tudo
acontece
numa peça de teatro à qual nunca comparecemos.
As tuas mãos são um jardim demasiado inconstante
para fazer fila e esperar a morte. Tens seis
letras no nome
e antes que amanheça saberei em que lugar do meu
corpo
cada uma delas cabe.
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