Ángel Guinda - A vida passa


Costumo sair ao fim da tarde,
para beber uns copos, económicos
como um passeio, em tabernas caseiras
onde se fala, familiarmente,
de futebol, de política,
do filho mais velho que não encontra trabalho,
do outro que não quer estudar,
de umas férias curtas no campo,
de doenças, das esquisitices do avô,
de uma mudança de pneus
ou do último atentado terrorista.
Estéril, o tempo segue o seu caminho,
indiferente, enquanto eu olho pelo vidro,
encostado ao balcão,
a ver a vida passar,
pelo meio de um labirinto
de carros mal estacionados
e luzes de neón
- e eu passo também, sem dar conta.

      Por vezes apetece desligar a vida do mundo que nos cerca. Como, se a vida somos nós rodeados dessas circunstâncias?

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