No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada.
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios, poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei.
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada.
Um retrato intemporal da exploração do homem pelo homem, geradora das actuais dessincronias sociais num espírito capitalista que cresce alimentando-se do sangue, do suor e das lágrimas de um povo. O texto é violento? "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem" dizia Bertolt Brecht. José Afonso morreu há 30 anos.
Um retrato intemporal da exploração do homem pelo homem, geradora das actuais dessincronias sociais num espírito capitalista que cresce alimentando-se do sangue, do suor e das lágrimas de um povo. O texto é violento? "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem" dizia Bertolt Brecht. José Afonso morreu há 30 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário