Daniel Faria

                                

Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos
E quero cair em desuso
Fundir-me completamente.
Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo
Os focos celestes que a candeia humana não iguala
Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer.
Amo tão grandemente a ideia do teu rosto que penso ver-te
Voltado para mim
Inclinado como a criança que quer voltar ao chão. 

      Nesse tempo, o lugar onde Daniel nasceu ainda se chamava Além-do-rio e a hora era a de Sábado de Aleluia. Da memória da sua mãe vieram estas palavras: "Foi pelas oito da noite. Eu estava em casa, senti que ele ia nascer, a minha irmã veio para a minha beira, e ele nasceu tão rápido que a parteira não chegou a tempo." O segundo filho de Fernanda Nogueira da Cunha, filha e neta de camponeses, nascia-lhe assim, "com o tempo", aos nove meses de gravidez, à hora em que se começa a cantar a ressurreição - "uma alegria" mais, sendo ela católica praticante. Hoje o lugar já não se chama, oficialmente, Além-do-rio (apesar de a placa ainda lá estar), mas sim Alto Trigais, freguesia de Baltar, concelho de Paredes, 25 km a norte do Porto.

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