Colheita Alegre




O projecto musical Colheita Alegre nasceu em Dezembro de 1985 em Fragoso - Barcelos. A partir de um trabalho de recolha levado a efeito no vale do rio Neiva, o grupo elaborou uma proposta simultaneamente, documental e criativa que é das melhores que se fizeram em Portugal. Foi este grupo que me ajudou a educar musicalmente as milhas filhas na música popular portuguesa. Todos os instrumentos se ouvem e são criativos, a poesia é cuidada e as vozes têm a alma do lugar. Editaram: Ervas, em 1988; Minério, em 1991; Sol de Março, em 1989; Terra Fresca, em 1996 e cessaram a actividade em 2005. Foi um crime cultural a pouca projecção que a música do grupo teve nos media.

      Esta outra cantiga, recolhida também na freguesia de Fragoso que os viu nascer, conta o abandono dos campos por parte das pessoas que viviam da jorna na agricultura e demandaram aos montes da freguesia em busca do minério, aquando da II Guerra Mundial em 1939, pois o volfrâmio era muito procurado e o regime tinha relações privilegiadas com a Grã-Bretanha, a quem fornecia o minério, também muito disputado pela Alemanha. Foi neste quadro que o minério se tornou uma ilusão para o povo que, terminada a guerra, voltou aos campos tão pobre quanto antes.



      Atente-se nestes versos surrealistas que assentam como luva na sonoridade popular. "Pelo mar abaixo vai um piparote, se ele leva vinho gri, gri, gri tira-lhe o batoque gró, gró, gró pelo mar também gri, gri, gri o galo cantou. O galo cantou deixai-o cantar minha rica prenda gri, gri, gri pela beira mar gró, gró, gró pelo mar também gri, gri, gri o galo cantou. Parabéns à Ilda Gomes, ao Carlos Filipe, ao Duarte Silva e a todos os outros. Pela minha parte, se tivesse poder fazia-vos o que Cristo fez a Lázaro.

Sem comentários:

Arquivo do blogue