Na manhã em que surgiu a noticia do falecimento de Leonard Cohen uma tristeza violenta invadiu-me, como a um lutador no tapete de um combate de boxe. O som dos passos ouvia-se no chão e as palavras nos lábios eram inúteis. Era a manhã que não queríamos que acontecesse. Quando um dos meus alunos do 9º ano D, o Nuno Coimbra, disse no inicio da aula "Não é que a minha mãe andava hoje com olhos de choro por causa de um cantor que morreu!?" Do outro lado da intimidade olhei-o, como a um sobrevivente.
Nessa manhã, eu vi "a árvore onde as pombas vão morrer", revi os "sonhos das lanternas húngaras" e as mulheres nuas que dançavam na Babilónia. A Jane veio "by with a lock of your hair" enquanto desenhava no papel uma gabardina azul.
Morreu um guardião da beleza, o mestre que bebia vinhos raros, o "judeu que já não chorava o seu prepúcio perdido". Quando à tarde uma das filhas me cantou com a mãe, no telemóvel, The Partisan, fiquei frio como uma pedra.
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