Já antes, Deus para colocar Abraão à prova clamou "Abraão!" E este respondeu: "Hineni!", "Toma o teu filho, o teu único filho, Isaac, a quem tu tanto amas, vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto". Abraão levantou-se e foi, Gen 22,1.
Mais tarde, Deus chamou "Samuel, Samuel!" e este respondeu "Hineni". Não entendendo de quem era a voz, correu para o seu pai Eli e repetiu "Hineni, pois me chamaste!", mas Eli disse "Não te chamei, torna a deitar-te", I Sam 3-4.
Foi assim, com "Hineni" (Senhor, aqui estou!), que se apresentou à morte o mestre Leonard Cohen. Ao longo da vida ensinou-me o valou da dor e do prazer, da tristeza e da alegria, da lealdade e da traição, do amor e do ódio, da Antiga e da Nova Aliança, mas sobretudo a síntese destes opostos, em beleza.
Quando no ano transacto estive na cidade de Roma, enquanto olhava o tecto da Capela Sistina, rezei por todos os guardiões da beleza que vieram e que hão-de vir e neles incluí Leonard Cohen. Desculpem, custa-me escrever neste dia triste.
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