Sophia de Mello Breyner Andresen



Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou Deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

in, Geografia, 1967

      Dizem por aí que Deus está em toda a parte e que nos criou perfeitos e imperfeitos. Era ao tentar o desequilíbrio para o primeiro dos lados, que Sophia escrevia.

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