John Quidor



      A minha universidade foi à mesa da família. Era ali, que a ternura unia os saberes novos e velhos em volta do arroz-doce da minha mãe. Era ali, que o olhar do meu pai continha os meus excessos juvenis. Era ali, que o lume passava de silencio em silencio, palavra em palavra. O meu avô dormitava, mas quando acordava reforçava tudo o que se houvera dito. Era ali, que eu aprendia sobre as sementeiras e as colheitas: o cheiro da terra, a qualidade das sementes, a beleza das searas, o valor do trabalho, entre as outras grandes riquezas da vida. Lia-se, rezava-se, cantava-se. Entretanto, sem sabermos bem porquê, o quotidiano moderno tudo alterou. Hoje, olho triste a mesa da cozinha, essa antiga sala de aula. 

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