Ary dos Santos - Retrato de Sophia


Senhora dona águia  água  égua
inglesa num jardim de potros gregos
mordiscando beleza  rega  cega
do regador de Inês em seus sossegos.

De muitos anos colhes o magro fruito
que depressa transformas em compota
receita tão bem feita que de há muito
nos açucara o travo da chacota.

Porém quando por vezes és de pedra
não mármore  mas árvore  mas dura
do fundo do teu mar levanta-se a cratera
da nossa lusitana sepultura.

    A quem ler, que pese devagar o primeiro verso: dona? Assim se tratam os poetas; águia? De cima, do azul do céu se cria a poesia; água? O ribeiro, um dos elementos; égua? A "dona" era uma mulher bonita.

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