Quadrilha - Os homens mais velhos do bar

           

                      
         
Os homens mais velhos do bar fazem lembrar os sinais do entardecer
Como um dia que já passou mas que deixou tanta coisa por fazer
Os homens mais velhos do bar entre cigarros e copos sem graça
Vêem as gaiatas passar a noite é que já nunca passa.

Os homens mais velhos do bar contam histórias quando o outono vem
Andaram por longe eu sei lá e há coisas que não vão contar a ninguém
Os homens mais velhos do bar sabem que a vida já não lhes diz que sim
Para os outros o bar está a fechar mas para eles o mar não tem fim.

   Senta-te aqui à minha frente 
   Tenho uma história p'ra te contar
   Ficava triste se tu não tivesses 
   Vontade de aqui ficar
   Vou-te falar de um lobo sozinho 
   Que se apaixonou p'la lua cheia
   E ainda tem um lugar vago 
   Na cama que a lua não quis.

Os homens mais velhos do bar sabem que as nuvens são como a solidão
que às vezes parecem partir mas voltam sempre lá para o fim do verão
Aos homens mais velhos do bar é a noite quem lhes afaga a mão
Companheira que não tem destino mas que acaba sempre por ter razão.

O tempo é um doido a correr a manhã está longe e não quer voltar
Há muito que assim passou a ser p'ra quem pensa que assim vai passar
E há tantos que não querem saber dos homens mais velhos do bar
É que são mais os que se afogam num copo do que aqueles que se afogam no mar.

   Gente que ao contrário da água, do ar e da terra, envelhece.

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