José Tolentino Mendonça - Calle Principe, 25



Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar

mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou

    Longe vai o tempo em que o frade ensinava o aldeão a usar o arado e a virar o rosto para o vento; a descansar os braços da enxada para segurar na bilha de água; a cobrir o rosto dos excessos da luz de Agosto, sempre, sempre com os pés na terra. Umas poucas décadas bastaram para trocarmos tudo por carros, computadores, shoppings, barulho, depressões, para ficarmos cada vez mais sozinhos. Na verdade, temos saudades de um tempo. A tela é de Charles Amable Lenoir.

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