Porque o fim de um caminho
sempre me entregou
o limiar de outro caminho,
o verde de um campo ou de
um corpo adolescente,
espero que regresse à
minha voz
a luz que no primeiro dia
a fecundou
e a terra que é contorno
dessa luz.
Porque espero ver crescer
as minhas mãos dessa terra
e de minhas mãos a água
necessária à minha sede,
ergo de mim a noite
residual do que vivi
e canto,
e canto,
canto provocando a
madrugada.
Porque outros entoarão o
meu requiem e outros cerrarão
as minhas pálpebras para
defender os meus olhos das suas lágrimas,
deixo essa glória aos
outros
- e exalto o meu
nascimento
e cada dia em que renasço
e procuro
a boca ou o fruto onde se
reflitam os meus lábios.
Porque, harmonizando-se no
sangue o fogo e a água,
eu sou o fogo e a água:
por mim os cadáveres e
quanto é feito da matéria dos cadáveres
libertar-se-ão em chamas,
serão claridade
e chegarão a pão pela
dádiva das cinzas,
a última dádiva, a total.
Qual verso de Lorca "verde, que te quero verde".
Qual verso de Lorca "verde, que te quero verde".
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