escrever sobre um rosto é traçar numa tela a matéria do silêncio
como desenhar um rio inscrito na pele?
há palavras na boca que dizem a palavra, o início, há palavras que dizem pão,
há palavras no rosto há palavras há rosto há um rosto de palavras
na minha mão,
há uma fricção entre o rosto do mundo e o mundo do rosto
há a Voz de um rosto que resiste e revela por entre as mãos
há num rosto um olhar e um espelho,
um animal insubmisso, há uma substância mental
num rosto encontro um mapa de alianças, um fluxo de água
num rosto confluem poema e tempo
uma melodia de palavras em gestação.
Poema que a autora dedicou aos rostos de António Ramos Rosa.
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