Sempre. Dormiram, acordaram, esgotaram-se. Vivem na
escuridão, no vácuo. Têm mãos. Respiram sombriamente sobre as mãos.
Depois param.
Então criam a festa. As forças irrompem do fundo;
fazem vacilar o fino e o precário equilíbrio da terra. Para lá da lei abolida,
as coisas tornam-se visíveis, com uma intensidade, uma transparência
anterior: sinais, vozes, tudo. Como se o mundo inteiro curasse uma ressaca
no corpo de cada um, e essa lípida desordem deixasse o coração escorrido.
É a festa dos homens.
Herberto Helder in, Passos em Volta
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